Olá, tudo bem? Já faz algum tempo que não colocava aqui os pés. Na
verdade, após escrever o texto publicado no dia 5 de Agosto de 2011, não voltei
mais. Hoje, passados mais de dois anos, ressurgi. Para a minha surpresa,
aproximadamente 700 pessoas passaram por aqui nesse entretanto. Isso fez-me
pensar, e sem saber explicar a razão acabei com a sensação de que devia alguma
satisfação a esses visitantes.
O texto escrito em 2011 foi mais uma forma de desabafo, dirigido a
pessoa nenhuma, num momento em que me encontrava completamente perdido. Tinha
conseguido, por esforço próprio e um grande apoio emocional da família, todas
as coisas que sempre desejei da vida: viajar por diversos países, estudar na
melhor universidade do mundo, conhecer pessoas diferentes, culturas diversas.
Tinha tudo isso, mas estava incrivelmente triste e não tinha a mínima noção do
porquê.
O meu preconceito em relação a antidepressivos impedia-me de toma-los. E
enquanto isso a ansiedade que sentia aumentava, o sono tinha desaparecido
completamente e a vida, que sempre fora tão boa e fluida, deixou de fazer
sentido. As noites não dormidas afetaram a minha capacidade de concentração. O
trabalho rendia pouco, o mau humor crescia a cada dia e, numa forma estranha de
pedir socorro, afastei-me das pessoas mais próximas. Na verdade, talvez movidas
pelas minhas constantes oscilações de humor, pessoas próximas também afastaram-se
de mim. E algumas, mesmo passada a tempestade, desapareceram numa via de mão
única.
No dia 6 de Agosto de 2011 as coisas mudaram. Por não ter tido coragem de
tomar o comprimido no café da manhã, decidi me ocupar com alguma coisa no
departamento onde trabalhava. Mas aí chegou a hora do almoço. Fui a um japonês
recém inaugurado e comprei um combinado de sushi e sashimi. Levei-o à tea room (como eles chamam em Inglaterra a área reservada para lanches) do
departamento, que se encontrava vazia por ser fim de semana. Sentei-me e na
mesa à minha frente coloquei de um lado o comprimido e do outro a comida. E
pensei. Pensei muita coisa. A mente de uma pessoa em depressão não para nunca.
Naquele momento eu era certamente capaz de pensar em dez coisas diferentes.
Todas elas dramáticas, todas elas muito negativas. Por que deixei as coisas
chegarem aquele ponto? Por que não conseguia controlar o que sentia? Por que
não havia ninguém comigo naquele momento para tornar as coisas mais fáceis? Por
que eu tinha me tornado uma pessoa tão fraca? Foi aí que percebi que não podia
mais comer o sushi. Sem me dar conta, tinha me inclinado sobre o prato de
comida aos prantos. Não lembro se cheguei a soluçar, mas as lágrimas que
escorriam e a ranha pegajosa que saía do meu nariz tinham revestido cada peça
de salmão e os bolinhos de arroz. Aquilo não era normal e sem pensar duas vezes
pus para dentro aquele minúsculo comprimido, juntamente com o orgulho e todo o
medo que sentia.
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